domingo, 12 de outubro de 2008

MATERIAL DE APOIO - Texto [2]


Jovens em situação de pobreza, vulnerabilidades sociais e violências
(trechos do texto)
Cadernos de Pesquisa no.116 /São Paulo/ 2002

(...)Vários autores (...)recorrem, por exemplo, ao conceito de vulnerabilidades sociais para tentar desconstruir sentidos únicos e identificar potencialidades de acionar atores e atrizes para resistir e enfrentar situações socialmente negativas. Haveria portanto uma vulnerabilidade positiva, quando se aprende, pelo vivido, a tecer formas de resistências, formas de lidar com os
riscos e obstáculos de modo criativo.

(...) É quando as vulnerabilidades vividas trazem a semente positiva de "um poder simbólico de subversão" (...) Em estudos sobre vulnerabilidades sociais que acessam os indivíduos, as famílias e grupos na comunidade, tende-se a trabalhar com o esperado em diferentes sistemas de linguagens, reconhecendo a força da subjetividade, do desejo, e a distância entre o vivido e o esperado quanto a direitos humanos.
É preciso, contudo, pesquisar mais sobre ambientes ou "inseguranças e incertezas" (Vignoli, 2001; Cepal, 2000), bem como sobre o reconhecimento do direito a ter direitos, tal como o refere Hanna Arendt no debate sobre cidadania (apud Duarte 2001). Para tanto, é necessário recorrer a diversos planos analíticos.

Análises sobre vulnerabilidades contemporâneas na América Latina, como a "juvenilização" da mortalidade, em particular entre grupos na pobreza e por causas violentas, sugeririam, por exemplo, que não basta referir-se a direitos individuais, mas também de grupos e gerações e a características de um tempo e de sociedades. Quais seriam as marcas desta geração, e de gerações nessas sociedades?

Afetam a geração dos jovens, o desencanto, as incertezas em relação ao futuro, o distanciamento em relação às instituições, a descrença na sua legitimidade e na política formal, além de resistência a autoritarismos e "adultocracia".

Nesse caso, a escola e a família já não teriam a mesma referência que tiveram para outras gerações, além de que há diversidades quanto a construções dessas referências em grupos em uma mesma geração. Por outro lado, o apelo da sociedade de espetáculo e o apelo aos padrões de consumo conviveriam com chamadas para a responsabilidade social e o associativismo. Essas e outras tendências contraditórias também potencializariam vulnerabilidades negativas e positivas
(no sentido de fragilidades, obstáculos, capital social e cultural e formas de resistência no plano ético cultural).

Dessa forma, discutir juventudes pede discutir modernidade e sua realização em distintos planos e para distintos grupos sociais.

Mary Garcia Castro-Pesquisadora da Unesco e pesquisadora associada à Unicamp/ Centro de Estudos de Migrações Internacionais
Miriam Abramovay-Consultora do Banco Interamericano de Desenvolvimento — BID em situação de pobreza, vulnerabilidades sociais e violências.

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